Mau tempo origina mais de 1200 ocorrências, mas não provoca danos significativos nem vítimas

Quedas de árvores e inundações foram as ocorrências mais repetidas.

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Apesar dos avisos, houve "muita gente" a passear no paredão da Costa da Caparica Daniel Rocha

O vento soprou musculado, a chuva caiu intensamente e as ondas galgaram, como o previsto, os paredões, mas até às 23h deste domingo o mau tempo não provocou danos significativos, nem vítimas. Talvez não por acaso.

Elísio Oliveira, comandante operacional do Agrupamento Sul, que incluiu dois dos distritos mais afectados – Lisboa e Setúbal –, realça as acções levadas a cabo pela protecção civil municipal e os conselhos difundidos repetidamente pela comunicação social. “Parece que afinal não aconteceu nada. Não aconteceu nada porque foram tomadas as medidas preventivas adequadas”, sublinha, realçando que devemos caminhar cada vez mais para esta cultura de segurança.

E na realidade aconteceu algo. A Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) registou 1230 ocorrências relacionadas com o mau tempo entre as 9h e as 22h deste domingo, o que fez deste o pior dia do ano ao nível do impacto das condições meteorológicas. Mesmo assim longe das 9000 ocorrências registadas em 19 de Janeiro do ano passado. A maioria foram quedas de árvores e inundações. Os distritos de Lisboa (279 ocorrências),Setúbal (209) Coimbra (147) foram os mais afectados. 

Os contantes conselhos da Protecção Civil, que recomendou aos cidadãos que permanecessem em casa e evitassem deslocações desnecessárias, não demoveram todos. “Infelizmente ainda havia muita gente a passear no paredão da Costa da Caparica. Uma senhora acabou por cair e partiu um braço”, lamenta Elísio Oliveira.

O comandante nacional José Manuel Moura, também fazia um balanço “francamente positivo” do mau tempo, realçando, contudo, que até às 3h da madrugada as condições poderiam agravar-se, essencialmente a Norte. “Não temos nenhuma vítima a registar”, realçava depois das 21h.

Entre as ocorrências mais relevantes esteve a queda dos telhados em vários dos pavilhões da Escola Primária de Fetais, em Camarate, Loures. O incidente apesar de aparatoso, não provocou vítimas, porque como era domingo o estabelecimento encontrava-se vazio. O chefe Fernando Sousa, dos Bombeiros Voluntários de Camarate, explicou ao PÚBLICO que as telhas e as vigas voaram devido à intensidade do vento, que arrastou uma viga de quase três metros para a estrada. Por causa disso as vias localizadas na envolvente da escola foram fechadas ao trânsito até segunda-feira de manhã, altura em que deverão começar as obras de reparação da escola. Certo é que, nesta segunda-feira, os alunos não terão aulas.

Elísio Oliveira explica que no distrito de Lisboa houve árvores caídas, telhas e sinais de trânsito que voaram e chaminés derrubadas. “Por causa da intensidade do vento foram cortados os acessos à Serra de Sintra”, acrescenta. No distrito de Setúbal, os problemas concentraram-se na Costa da Caparica e na Cova do Vapor. “A Protecção Civil municipal numa importante acção pró-activa decidiu montar um posto de comando no serviço municipal”, elogia o comandante.

Joaquim Chambel, comandante operacional do Agrupamento Centro Sul, que inclui os distritos de Castelo Branco, Leiria, Portalegre e Santarém, queixa-se das quedas de árvores, dos deslizamentos de terras e da queda de estruturas. “Sem danos significativos”, sublinha.

Em Santarém foi accionado o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo no nível azul, o mais baixo de uma escala de quatro, devido à subida das águas. “Reguengos do Alviela ainda não está isolado, mas há uma tendência para o agravamento da situação durante a noite”, reconhece Joaquim Chambel, que destaca ainda cortes pontuais de energia eléctrica devido à queda de árvores sobre as linhas.

Árvores tombadas, inundações e neve levaram ao corte de 20 vias, entre as 9h e as 22h em quatro distritos do país. O distrito de Santarém foi o mais afectado com 10 estradas cortadas e uma ponte com o trânsito interrompido, devido a inundações que deixaram as vias submersas. Na Serra da Estrela foram registados cortes temporários em vários troços de três estradas nacionais (EN 338, 339, 232) que permitem o acesso ao maciço central e ligam várias povoações da serra. No distrito de Aveiro as inundações cortaram cinco vias e um túnel. 

Ao início da tarde, a ANPC destacava as cheias do rio Mondego, no distrito de Coimbra, pequenas inundações em Lisboa e alguns incidentes relacionados com a agitação marítima na Costa da Caparica, Setúbal, como os principais ocorrências até às 14h. A partir das 15h, o nível de alerta sobre do amarelo para o laranja, o quarto de uma escala de cinco, activado sempre que são previstas “situações de perigo, com condição para a ocorrência de fenómenos invulgares que podem causar danos a pessoas e bens”. A prontidão dos meios irá manter-se neste nível até às 8h de segunda-feira.

As principais preocupações da Protecção Civil relacionam-se com a forte agitação marítima que devia atingir os 11 metros, a forte precipitação e o vento muito forte que pode chegar a rajadas de 130 quilómetros por hora. 

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