Vanessa Mae, o príncipe alemão do México e outra vez os jamaicanos

Em Sochi vai estar um número recorde de 88 países participantes, com seis estreantes. Timor-Leste vai ter um esquiador nascido em França.

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O príncipe Huberto, um mariachi em Sochi Comité Olímpico do México
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Bruno Banani, do Tonga para a competição de luge LIONEL BONAVENTURE/AFP
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Yohan Gonçalves, o representante de Timor DR
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Vanessa Mae, violinista de fama mundial e esquiadora pela Tailândia ANDREJ ISAKOVIC/AFP
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A equipa de bobsleigh da Jamaica é uma presença habitual nos Jogos de Inverno Fabrizio Bensch/Reuters

A Tailândia vai ter dois representantes nos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, um par de esquiadores, Kanes Sucharitakul nas provas masculinas de slalom e slalom gigante, e Vanessa Vanakom, na prova feminina de slalom gigante. Nenhum dos dois tem resultados de relevo nesta prova de esqui alpino, mas, pelo menos, a competidora feminina já entrou para a galeria dos atletas mais mediáticos. Dela não se espera que ganhe medalhas, porque não foi o esqui que a tornou famosa. O apelido que está na credencial olímpica não é o mesmo que está nas capas dos mais de dez milhões de discos que vendeu. Vanessa Vanakom é Vanessa Mae, uma das violinistas mais conhecidas do planeta.

Vanessa Mae, filha de pai tailandês, vai representar um país que não é aquele em que nasceu e onde nunca viveu, mas que lhe deu a oportunidade de poder mostrar num palco privilegiado o que pratica como amadora desde os quatro anos. “Sou inglesa, mas, realisticamente, nunca poderia representar o meu país. Como o meu pai é tailandês, eles aceitaram-me”, conta a violinista. E, assim, Vanessa Mae será a primeira mulher a competir nos Jogos de Inverno pela Tailândia, uma nação que, antes de Sochi, só tinha tido um atleta em toda a história da competição, Praqat Nagvajara, um professor de Engenharia que vivia em Filadélfia, nos EUA, e que participou em 2002 e 2006 nas provas de esqui de fundo.

Países como a Tailândia, sem quaisquer tradições nos desportos de Inverno, ajudam a construir um recorde que estes Jogos de Sochi já bateram: serão 88 nações participantes, mais seis do que as que estiveram há quatro anos em Vancôver. Um número pequeno, se comparado com os 204 países que tiveram representação nos Jogos de Londres em 2012. São muitas as comitivas reduzidas em Sochi. Mais de metade (45) têm cinco ou menos atletas e destas, 16 têm apenas um.

Seis nações fazem a sua estreia em Sochi: Malta, Paraguai, Togo, Tonga, Zimbabwe e Timor-Leste. Yohan Goutt Gonçalves, que vai participar no slalom masculino (tal como o português Artur Hanse), é o representante da antiga colónia portuguesa, mas não nasceu no país que representa. A ligação de Gonçalves, de 19 anos, a Timor vem da mãe, que fugiu do país em 1974, antes da invasão indonésia no ano seguinte (a Indonésia nunca participou nos Jogos de Inverno), num barco de pesca rumo a Darwin, na Austrália, passando depois para França, onde se estabeleceu. Tal como Vanessa Mae, também ele começou a esquiar em criança, mas entra em competição mais cedo do que a violinista, que conta 35 anos.

O nobre alemão do México
O único representante do México, por seu lado, é um super-repetente dos Jogos de Inverno, que, aos 55 anos (é o atleta mais velho em Sochi e o segundo mais velho da competição), vai cumprir os seus sextos Jogos Olímpicos (estreou-se nos de 1984, em Sarajevo) com o nobre propósito de “manter viva a tradição dos esquiadores exóticos”. Trata-se de Hubertus de Hohenlohe-Langenburg e, ao contrário de outros exemplos citados, nasceu mesmo no país que representa, numa altura em que o seu pai alemão trabalhava numa fábrica da Volkswagen na Cidade do México, vivendo quase sempre na Áustria. Trabalha como fotógrafo, é cantor, empresário e descendente de realeza germânica. Vai ter um dos equipamentos mais característicos de Sochi, com o desenho de um fato de mariachi estampado. Olé!

Outro dos competidores exóticos vem do Tonga, vai participar no luge e chama-se Bruno Banani. Foi com este nome que se apresentou ao mundo dos desportos de Inverno, por “coincidência” o nome de um fabricante alemão de roupa interior, constando da sua biografia “oficial” que era filho de produtor de cocos. Na verdade, Banani era um estudante chamado Fuahea Semi e mudou oficialmente de nome para fazer parte de uma estratégia de marketing da dita empresa de roupa interior. Também estão em Sochi Garry e Angela di Silvestri, um casal de nova-?-iorquinos, a representar Dominica, país do qual têm nacionalidade como recompensa por terem contribuído para a construção de um hospital nesta ilha das Caraíbas.

Quem nunca deixa de ser exótica, apesar de já ser a sua sexta participação, é a equipa de bobsleigh da Jamaica, que regressa ao palco olímpico após ter falhado Vancôver 2010 – mas esteve lá um jamaicano, Errol Kerr, no Freestyle. É mais um capítulo da história iniciada em Calgary 1988. Essa equipa se classificou, o que não impediu que os compatriotas de Usain Bolt progredissem, sendo uma presença regular nestes palcos. A Jamaica vai competir com uma dupla, Wiston Watts (quarta participação) e Marvin Dixon (um antigo velocista), mas a presença em Sochi não começou bem. Complicações nas ligações entre Kingston e Sochi fizeram desaparecer a bagagem, pelo que vão ter de pedir equipamento emprestado.

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