Krugman defende que aumento da inflação na Alemanha beneficiaria Portugal

Prémio Nobel da Economia defende política expansionista do BCE.

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Foto: Miguel Manso

No seu blog do New York Times, Paul Krugman defende que uma política mais expansionista do Banco Central Europeu (isto é, um aumento do dinheiro em circulação) seria benéfica tanto para Portugal como para os restantes países da periferia.

A discussão foi iniciada por Tyler Cowen, economista americano e co-autor do blog de economia Marginal Revolution. Cowen defendeu inicialmente que o aumento da moeda em circulação na União Europeia seria alvo do que ele apelida de uma “fuga”. Isto é, em vez de o dinheiro ficar em Portugal para ser investido em empresas nacionais, o dinheiro acabaria na Alemanha, porque os bancos alemães são mais seguros. Este fenómeno, argumenta Cowen, levaria a um aumento da inflação na Alemanha sem que isto surtisse grande efeito na periferia, pois “a Alemanha e Portugal não estão directamente a competir em muitos mercados de exportação”. Segundo Cowen, o aumento dos salários alemães teria então um efeito somente marginal na competitividade portuguesa.

Krugman escreve que a inflação alemã é uma consequência fulcral da política expansionista e não um inconveniente. O vencedor do prémio Nobel da Economia acrescenta que um aumento dos salários alemães ajudaria a resolver o problema da competitividade dos salários portugueses. Neste momento, salienta o economista, os salários portugueses estão demasiado altos relativamente aos alemães.

“Suponham que eu pudesse agitar uma varinha mágica e de repente aumentar os salários alemães em 20%. O que é que acham que iria acontece ao valor do euro contra o dólar e outras moedas? Cairia muito, não? E as exportações portuguesas tornar-se-iam mais competitivas em todo o lado, incluindo destinos não alemães e extra-europeus”, diz Krugman.

“Eu achava que isto era óbvio. Pelos vistos, não” conclui.

Tyler Cowen acaba por fazer uma comparação que é depois refutada tanto por Krugman como por Ryan Avent, economista do Economist: “Imaginem se disséssemos aos americanos que tinham de suportar inflação para resolver problemas de procura agregada no Equador e El Salvador”.

Avent responde dizendo que as situações não poderiam ser mais diferentes e que o compromisso dentro da União Europeia – até porque Portugal e Alemanha partilham a mesma moeda – é incomparável ao do compromisso entre os Estados Unidos e El Salvador.

O economista acrescenta: “Mas se os americanos pudessem aliviar o sofrimento no Equador e em El Salvador, simplesmente ao tolerar um bocado de inflação durante alguns anos, e escolhessem não o fazer, isso seria um erro moral significativo por parte dos EUA.”
 

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