Pelo menos 24 detidos estão em greve de fome em Guantánamo

Al-Jazira diz que o protesto, que começou em Fevereiro, é o maior e mais longo dos últimos anos no campo. Director de comunicação da prisão desvaloriza-o.

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Detidos em Guantánamo protestam Joe Skipper/Reuters

Pelo menos 24 detidos estão em greve de fome no centro de detenção norte-americano de Guantánamo. Dois já foram hospitalizados por desidratação.

A emissora pan-árabe Al-Jazira diz que já se trata do maior e mais longo protesto dos últimos anos no centro, onde estão actualmente 166 detidos.

O director de comunicação de Guantánamo confirmou a greve de fome de 24 detidos – o que significa recusarem nove refeições consecutivas. Em Março havia 15 detidos em greve de fome.

Advogados dos detidos relataram alguns casos. Um prisioneiro do Iémen, Yasein Esmail, disse que perdeu 15 quilos depois de 29 dias de greve de fome, contou o seu advogado, David Remes, que o visitou no passado dia 5.

A greve começou a 6 de Fevereiro em protesto contra buscas levadas a cabo pelos guardas do campo de detenção. Omah Farah, do Center for Constitutional Rights (grupo com sede em Nova Iorque que dá apoio legal aos detidos de Guantánamo), disse que vários prisioneiros tinham já perdido entre 18 e 22 quilos e a maioria entre 9 e 13 quilos. E acusou o campo de tentar minorizar o protesto.

“Terça-feira, dia 19 de Março, temos 24 grevistas, com oito em alimentação interna”, disse o director de comunicação, Robert Durand. “Os relatos de deterioração do estado de saúde e enormes perdas de peso não são verdadeiros.”

Chamada de atenção
Os detidos acusaram os guardas de tratar o Corão com desrespeito durante as buscas. O responsável pela comunicação do campo diz que as buscas nos livros são feitas por tradutores muçulmanos e não pelos guardas.

Durand diz que o protesto pretende chamar a atenção para um assunto que “saiu da arena pública”.

No início do ano, o Departamnto de Estado afastou o enviado especial para o encerramento da prisão e disse que não o iria substituir. Daniel Fried tinha negociado o repatriamento de 31 detidos e convencido países terceiros a aceitar cerca de 40 que poderiam ser libertados mas não podiam regressar, por questões de segurança, aos seus próprios países.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu encerrar o campo, mas as transferências de detidos para outros países que vinham a ser feitas praticamente pararam por restrições do Congresso.
 
 

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