Extensão dos prazos para pagar empréstimos não é “perdão da dívida”, diz Passos Coelho

O que está em causa no pedido feito à zona euro é o “reescalonamento do calendário para pagar a dívida”, esclareceu o primeiro-ministro.

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Passos foi recebido por Mark Rutte na residência oficial do primeiro-ministro holandês, em Haia MARTIJN BEEKMAN/AFP

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou nesta quinta-feira, em Haia, Holanda, que a solicitação da extensão dos prazos para os pagamentos dos empréstimos, feita por Portugal e pela Irlanda, não é um “perdão da dívida”.

“O pedido que fizemos ao Eurogrupo [ministros das Finanças da zona euro] e ao Ecofin [ministros das Finanças da União Europeia] deve-se à possibilidade de se estenderem algumas maturidades, quer para a Irlanda quer para Portugal. Não se trata, portanto, de pedir um perdão da dívida”, disse Pedro Passos Coelho, numa conferência de imprensa depois de um encontro com o seu homólogo holandês, Mark Rutte.

Trata-se, explicou o primeiro-ministro, de “fazer um reescalonamento do calendário para pagar a dívida e fazê-lo de uma forma que o mercado entenda como perfeitamente possível para um país com a situação como Portugal tem ou como a Irlanda tem”.

Passos Coelho afirmou que, para os Estados-membros, “é preferível” ajudarem Portugal e a Irlanda a regressarem aos mercados do que pedirem “aos seus cidadãos mais sacrifícios para emprestarem dinheiro” aos dois países.

Dirigindo-se ao seu homólogo holandês, Passos Coelho agradeceu o apoio da Holanda, destacou as “boas relações” existentes entre os dois países e lembrou que o actual presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, é holandês.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, por sua vez, afirmou que os portugueses estão a viver “tempos difíceis” e mostrou-se solidário para com Portugal, afirmando que, pelos “esforços que tem feito nos últimos anos, a Holanda tem uma atitude positiva para com os portugueses”.

Mark Rutte reconheceu, em resposta aos jornalistas, que o aumento do desemprego é um problema, referindo que, também na Holanda, o número de desempregados está a aumentar.

A Holanda, que no final da semana passada anunciou que está a preparar novas medidas de austeridade para cumprir os limites do défice exigidos pela UE, é um dos países que tradicionalmente alinham ao lado da Alemanha nas exigências feitas aos países do Sul da Europa.

Pedro Passos Coelho foi recebido por Mark Rutte na residência oficial do primeiro-ministro holandês, em Haia.

À porta da residência oficial, estava um jovem português, acompanhado por dois amigos holandeses, que queria dizer a Passos Coelho que “é altura de ouvir as pessoas” e de a “política do Governo mudar”.

André Marques, de 24 anos, estudante em Amesterdão, e os amigos seguravam um cartaz onde se podia ler “o povo é quem mais ordena”, um excerto de Grândola, vila morena, canção emblemática da Revolução de 25 de Abril de 1974, que tem sido entoada em sinal de protesto em várias iniciativas públicas com membros do Governo.

O jovem estudante explicou aos jornalistas que, depois de ter tido conhecimento da deslocação de Passos Coelho, organizou um protesto através da rede social Facebook, que acabou por não ter grande adesão.
 
 

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