Bispo das Forças Armadas sabia das acusações contra D. Carlos Azevedo desde 2007

D. Januário Torgal Ferreira diz não ter elementos que contradigam as acusações de assédio sexual que recaem sobre D. Carlos Azevedo.

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D. Januário Torgal Ferreira não ficou surpreendido com a revelação feita pela revista Visão Daniel Rocha/Arquivo

As acusações contra D. Carlos Azevedo por assédio sexual a membros da Igreja, reveladas numa reportagem publicada pela revista Visão nesta quinta-feira, não surpreendem o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, que tem conhecimento do caso desde 2007.

“É indiscutível que em determinadas zonas da nossa sociedade havia comentários dessa ordem”, disse D. Januário Torgal Ferreira à TSF, nesta quarta-feira. O bispo revela que a notícia de que o ex-bispo auxiliar de Lisboa tinha tido “um comportamento homossexual” lhe chegou em 2007.

“Ouvi que ele tinha tido um comportamento dessa ordem”, afirma o bispo das Forças Armadas. “Chegamos agora a uma altura em que, em hasta pública, é feita uma acusação desse tom”, continua, acrescentando que não tem “poder para diluir a liberdade de expressão” e também não possui “quaisquer elementos que provem que isso não é verdade”.

D. Carlos Azevedo, actual membro do Conselho Pontifício da Cultura do Vaticano, em declarações ao PÚBLICO, negou “totalmente as acusações de assédio sexual” que sobre ele recaem. O bispo admite que tem “um jeito de ser caloroso, afectivo”, mas garante que “nunca houve qualquer relação que justificasse a ideia [de que houve] qualquer atitude imoral”.

À Lusa, o presidente da Comissão Instaladora da Rede de Cuidadores, Álvaro de Carvalho, confirmou nesta quarta-feira a existência de relatos de assédio sexual que envolvem o ex-bispo auxiliar de Lisboa. No entanto, sublinhou que “não confunde homossexualidade com abusos”.

Após a “saída repentina” de Carlos Azevedo para Roma, quando foi nomeado delegado do Conselho Pontifício da Cultura, “começaram a pingar notícias de assédios entre adultos”, revelou Álvaro de Carvalho. Segundo a revista Visão, os alegados casos de assédio a membros da Igreja remontam aos anos 1980 e terão sido conhecidos após uma denúncia feita em 2010 ao núncio apostólico em Portugal.

Por “aparentemente não existir conduta perigosa”, o caso não foi denunciado ao Ministério Público, disse o responsável da Rede de Cuidadores, uma organização não governamental.
 

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