Polícia prende três suspeitos por incêndio em discoteca onde morreram mais de 230 pessoas

Falta de saídas de emergência e tentativa de impedir que clientes abandonassem recinto antes de pagarem terá agravado a tragédia. Foi o incêndio que mais mortes provocou no Brasil desde 1961.

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Os mortos começaram a ser enterrados nesta segunda-feira JEFFERSON BERNARDES/AFP
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Familiares de vítimas do incêndio à espera de notícias LAURO ALVES/AFP
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A polícia anunciou esta segunda-feira a detenção do dono da discoteca e dois membros da banda que actuava no espaço de diversão da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde, na madrugada de domingo, um incêndio matou mais de 230 pessoas – os dados oficiais mais recentes referem 231.

O Estado de São Paulo escreveu que a maioria das vítimas não foi atingida pelas chamas, pois 90% morreram asfixiadas.

A promotora criminal de Santa Maria, Waleska Flores Agostini, tinha já dito que estava a analisar o caso desde domingo à tarde, pondo a hipótese de prisão do dono da discoteca. Um dos proprietários da discoteca Kiss terá confirmado à polícia que o Plano de Prevenção de Combate de Incêndios estava caducado, adiantou o jornal Zero Hora.

Um dos responsáveis pela investigação, Sandro Meinerz, disse ao Estado de São Paulo que os membros da banda podem ser indiciados por  homicídio culposo – quando não há intenção de matar. O mesmo jornal adianta que uma das vítimas será um dos elementos da banda que actuava no recinto.

É que uma das hipóteses avançadas como possível causa do incêndio, que começou entre as 2h e as 3h de domingo, é o lançamento de fagulhas por um engenho pirotécnico usado por um dos elementos da banda Gurizada Fandangueira, que actuava no recinto fechado – onde o uso desse género de dispositivos é proibido. O fogo terá sido provocado pelas fagulhas e começado na espuma de isolamento acústico do estabelecimento, no tecto.

 “Teve gente que morreu a um metro da saída”, contou ao Zero Hora um dos sobreviventes, Eduardo Buriol, 22 anos. Segundo o estudante, a saída estava obstruída por uma mesa. Outros testemunhos indicam que as portas não estavam totalmente abertas, o que terá feito aumentar o número de mortos.

A tragédia terá sido, segundo o Estado de São Paulo, o resultado de uma série de erros: da falta de saídas de emergência e de sinalização à tentativa de seguranças para impedirem a saída de clientes antes de pagarem a conta.  

O incêndio na discoteca da cidade universitária de Santa Maria que causou também cerca de uma centena de feridos – 127 segundo os números mais recentes, dezenas em estado grave –, é, segundo a imprensa brasileira, o incêndio mais mortal desde 1961, quando 503 pessoas morrerem num circo em Niterói, no Rio de Janeiro.

Ao todo, refere o jornal Folha de São Paulo, 82 pessoas continuam internadas em hospitais em Santa Maria e outras  39 foram transferidas para Porto Alegre. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, 20% dos feridos tiveram queimaduras consideradas graves, que correspondem a mais de 30% do corpo. A maioria sofreu intoxicação respiratória.

 

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