Luís Onofre ficou “pasmado” com declarações de Borges

O empresário Luís Onofre afirmou hoje que ficou “pasmado” com as declarações do consultor do Governo António Borges, considerando que foi “extremamente deselegante” ao acusar os empresários que criticaram a redução da TSU de serem “ignorantes”.

“Fiquei pasmado como é que uma pessoa com um cargo destes pode fazer um comentário tão deselegante”, disse hoje à Lusa o designer de calçado, no dia em que o consultor do Governo para as privatizações defendeu que a Taxa Social Única (TSU) é uma medida “inteligente” e acusou os empresários que a criticaram de serem “ignorantes”.

Luís Onofre defendeu que António Borges “deveria ter pensado melhor naquilo que disse”, que “ofende quase uma classe toda de empresários que se uniram para a medida não ir para a frente”.

O empresário do sector do calçado, que admitiu partilhar com os trabalhadores o valor que viesse a poupar com a redução da TSU, considerou “extremamente deselegante [António Borges] ter feito um comentário destes sobre empresas que fazem andar este país, ao contrário daquilo que está a ser feito no Governo com conselhos que este senhor tenha dado”.

“Como ignorante que sou, talvez o melhor seja mesmo ignorar”, acrescentou.

António Borges interveio hoje no I Fórum Empresarial do Algarve, que decorre este fim-de-semana em Vilamoura e reúne mais de 300 empresários, economistas e políticos de Portugal, Brasil, Angola, Índia, Emirados Árabes Unidos e Moçambique.

“Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”, afirmou.

Admitindo que a medida implica perda de poder de compra “para muita gente”, António Borges considerou, no entanto, que quem acha que “o programa de ajustamento português se faz sem apertar o cinto, está com certeza um bocadinho a dormir”.

Aquele responsável discordou ainda que, com a TSU, se proceda a uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital, já que o problema do país é estar “completamente descapitalizado”.

“Parece que voltámos todos ao Marxismo: o capital é uma coisa má, temos que o destruir”, referiu, criticando o facto de as pessoas dizerem que “não podem ajudar o capital”.

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