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Caos no Quénia: inundações causaram mais de 200 mortos e agora vem aí um ciclone
"Os relatórios meteorológicos pintam um quadro terrível" com a aproximação de um ciclone após o rasto de morte e destruição das inundações, avisa o Presidente William Ruto.
As chuvas torrenciais que causaram inundações generalizadas e deslizamentos de terra no Quénia nas últimas semanas, matando pelo menos 210 pessoas, deverão agravar-se durante o resto deste mês, disse na sexta-feira o Presidente William Ruto.
As inundações causaram estragos, destruindo casas, estradas, pontes e outras infra-estruturas em todo o Quénia, a maior economia da África Oriental. O número de mortos excede o das inundações provocadas pelo fenómeno meteorológico El Niño no final do ano passado.
“Infelizmente, ainda não vimos o fim deste período perigoso, pois espera-se que a situação se agrave. Os relatórios meteorológicos pintam um quadro terrível", afirmou Ruto na televisão queniana. “O Quénia poderá enfrentar o seu primeiro ciclone de sempre”.
O ciclone Hidaya deverá atingir a Tanzânia, o vizinho do Sul do Quénia, no sábado, trazendo consigo ondas de quase oito metros de altura e ventos de 165 km/h, segundo o Centro de Previsão Climática e Aplicações. As inundações também atingiram a Tanzânia e mataram mais de 160 pessoas desde o início de Abril, disse o porta-voz do governo da Tanzânia, Mobhare Matinyi.
“Prevê-se que este ciclone, de nome Hidaya, que pode chegar a qualquer momento, provoque chuvas torrenciais, ventos fortes e ondas poderosas e perigosas”, alertou o Presidente do Quénia esta sexta-feira.
No início desta semana, William Ruto ordenou às pessoas que vivem em zonas propensas a deslizamentos de terras que partissem para terrenos mais seguros. O Governo pediu às pessoas que vivem perto de 178 barragens e reservatórios de água, actualmente prestes a transbordar, bem como às pessoas que vivem em acampamentos informais perto de rios e ribeiros, que evacuassem.
Na segunda-feira, as fortes inundações já tinham causado mais de 40 mortes e destruído várias casas quando uma barragem rebentou, na sequência de chuvas torrenciais na aldeia de Kamuchiri de Mai Mahiu, no condado de Nakuru, Quénia.
Ruto declarou ainda que a reabertura de todas as escolas para o próximo período lectivo, que deveria ter começado esta semana, seria adiada até nova ordem.
O Governo de Nairobi criou 115 campos para acolher as pessoas deslocadas pelas inundações e está a trabalhar em estreita colaboração com os doadores e as organizações humanitárias para fornecer alimentos e bens não alimentares às pessoas afectadas, afirmou.
Os líderes da oposição e os grupos de defesa dos direitos humanos criticaram o governo do Quénia pela ausência de um plano de emergência e pela sua reacção tardia à catástrofe. Na quinta-feira, a Human Rights Watch acusou as autoridades de não terem posto em prática um plano de resposta nacional atempado, apesar dos avisos do Departamento Meteorológico do Quénia, há um ano, sobre o provável impacto das inundações causadas pelo El Niño.